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Fonoaudiologia e Análise do Comportamento

Por Mayla Monteiro (@fgamaylamonteiro)


Paciente em atendimento.

Dentro da Análise do Comportamento, o Comportamento Verbal é classificado como um comportamento que segundo Skinner (1957 - referência 1), o ouvinte responde aos estímulos verbais produzidos pelo falante, ou seja, a consequência do comportamento de falar é mediada pelo outro.

O Fonoaudiólogo por sua vez, é o profissional responsável pela atenção e cuidado de todos os aspectos relacionados à comunicação humana (referência 2). Tendo isso em vista, a junção destas duas ciências na prática clínica para o desenvolvimento da linguagem oral trará benefícios significativos para o indivíduo em questão.

Estudos mostram que o uso da ABA como recurso terapêutico por Fonoaudiólogos para o desenvolvimento da Linguagem tem apresentados resultados promissores (referências 3 e 4).

Deste modo, há alguns anos, Fonoaudiólogos estão tornando-se, também, analistas do comportamento. Esta adição aos seus repertórios específicos, promove um aumento no crescimento de conhecimentos para melhorar o atendimento do indivíduo com alterações de linguagem. Além disso, o Fonoaudiólogo pode adicionar aos programas de ensino baseados em ABA (Análise do Comportamento Aplicada), especificidades únicas, como a Motricidade Orofacial, Voz, Treino Auditivo, que vão ajudar potencializar o desenvolvimento do individuo em questão

A intervenção Fonoaudiológica baseada em ABA, elabora o plano de ensino individualizado fundamentado na tríplice contingência (antecedente - comportamento – consequência). Seja para questões que envolvem a produção de fonemas, para realizar exercício de mobilidade/força/tônus muscular dos órgãos da região orofacial que são necessários para a articulação da fala, para exercícios específicos de melhora da qualidade auditiva (como no processamento auditivo), e outros que serão inseridos na terapia fonoaudiológica.

Além disso, a possibilidade de realizar análise funcional dos comportamentos que os indivíduos apresentam durante a terapia fonoaudiológica, auxiliam o profissional a descobrir o que pode ser feito para tornar sua aprendizagem mais efetiva e sem erro.

As especificidades da ciência ABA torna a terapia fonoaudiológica mais rica e bem estruturada, e permitem uma visão mais clara dos progressos realizados pelo indivíduo em relação ao seu tempo de intervenção e seus ganhos.

Ter um Fonoaudiólogo na equipe agrega nos programas propostos pelos analistas do comportamento, visto que ele poderá auxiliar a escolher estímulos verbais adequados para treinos, uso de técnicas adequadas para a produção da fala, entre outros. Como exemplo vamos citar que um individuo, no treino de imitação verbal não está conseguindo realizar determinado fonema. O fonoaudiólogo poderá intervir, avaliando se há competência motora para realizar o determinado fonema, ou então orientando a equipe com técnicas específicas que poderão auxiliar o indivíduo na realização do ponto articulatório adequado para realizar o fonema, garantindo assim que ele apresente uma resposta assertiva.

Em relação a prática Fonoaudiológica, a ABA auxilia o profissional a obter maiores dados sobre o desempenho e comportamento do indivíduo, a observa-lo de uma forma mais ampla e a relatar os acontecimentos no momento da terapia de uma forma mais explicita e que possa ser entendida de forma clara e objetiva. Também facilita a utilização de reforços durante a sessão, que vão ajudar no pareamento dos reforçadores, nos objetivos da sessão e nas orientações aos pais.

A terapia fonoaudiológica baseada no ABA possui inúmeros recursos não apenas para ensinar o desenvolvimento da fala, mas, principalmente, para ajudar a substituir comportamentos que antes podiam funcionar como barreiras para a aquisição de aprendizagem, como da linguagem funcional, tornando, assim, o processo terapêutico mais rápido e assertivo.

As especificidades da Fonoaudiologia, aliadas a ciência do comportamento garantirão um atendimento completo e complexo para o desenvolvimento do indivíduo durante o processo terapêutico.


Referências:

1. Skinner, B. F. (1957) Verbal Behavior. Cambridge, MA: B. F. Skinner Foundation.

2. Conselho Federal de Fonoaudiologia, Lei n- 6.965/81. https://www.fonoaudiologia.org.br/cffa/index.php/leis/

3. Rhea P. Interventions to Improve Communication. Child. Adolesc. Psychiatr. Clin. N. Am. 2008; 17(4): 835–56.

4. Pickett E, Pullara O, O’Grady J, Gordon B. Speech acquisition in older nonverbal individuals with autism. Cog. Behav. Neurol. 2009;22(1): 1-21.


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