A Terapia Ocupacional sob a perspectiva da Análise do Comportamento Aplicada
Por Taciana Dorácio Mendes de Campos
A Terapia Ocupacional (TO) beneficia pessoas de todas as faixas etárias e que tenham alguma limitação ou incapacidade de realizar as atividades do dia a dia.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) define a “Terapia Ocupacional como profissão de nível superior voltada ao estudo, a prevenção e o tratamento de indivíduos com alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras decorrentes ou não, de distúrbio genético, traumático e/ou doenças adquiridas. (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional)
dia, desempenhamos diversas atividades que exigem de nós habilidades que muitas vezes passam despercebidas, nas simples tarefas do dia a dia como atividades de autocuidado de escovar os dentes, tomar banho, se vestir e despir, amarrar o sapato, atividades de lazer como jogar bola, dançar, correr, pintar e atividades de produtividade como o trabalho, escola e o brincar.
Neste texto irei abordar a intervenção da Terapia Ocupacional realizada com crianças com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) e desenvolvimento Atípico sob a perspectiva da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Segundo o DSM V (sigla em inglês para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) “O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos.” (American Psychiatric Association, 2014)
Muitas pessoas com TEA apresentam atrasos significativos no seu desenvolvimento neuropsicomotor, acarretando diversos prejuízos na sua independência, autonomia e interação social.
Neste contexto a Terapia Ocupacional atua com base nos marcos do desenvolvimento infantil e suas principais áreas de atuação são: Atividades de Vida Diária (AVDs, essenciais para nossa existência), Atividades de Vida Pratica (AVPs, atividades cotidianas), Integração Sensório motora, Acompanhamento Escolar e o Brincar que se destaca como o principal recurso utilizado pela TO na Infância.
A principal ocupação da criança é o brincar, através desse fazer humano a criança desenvolve sua coordenação motora fina e global, destreza e força nos membros superiores e inferiores, lateralidade, coordena olho-mão-objeto, integra as sensações, idealiza, planeja e executa sua brincadeira com funcionalidade e autonomia, realiza imitações e interações sociais e afetivas, desenvolvendo pré-requisitos para as atividades de AVDS, AVPS e o desenvolvimento escolar.
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) consiste na aplicação e/ou intervenção derivada da Ciência do Comportamento ou Behaviorismo, proposto por Skinner, que se destina ao estudo da associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. (GRUPO ABACADABRA)
O tratamento ABA é baseado em evidências científicas, com princípios norteados por 7 dimensões (Aplicada, Comportamental, Analítica, Tecnológica, Efetiva, Conceitualmente Sistemática e Generalizável) e consiste em programas individualizados e ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo possa adquirir independência e vem se destacando como único tratamento com eficácia científica no tratamento de crianças com desenvolvimento atípico.
Os saberes do fazer humano da Terapia Ocupacional e a Ciência ABA compõe para o terapeuta ocupacional um olhar integral da criança, entre o comportamento e o desempenho ocupacional, oferecendo um programa de ensino de acordo com a sua capacidade. Na análise do comportamento, realizamos a aprendizagem sem erros, onde utilizamos inicialmente dica total e de acordo com a aprendizagem, essas dicas vão esvanecendo até que a criança realize tal repertório de forma independente, além do ensino por encadeamento. O uso de reforçadores durante o atendimento permite que a terapia seja muito mais atrativa e compensatória e permite o manejo do comportamento pelo terapeuta. Através de registros minuciosos é possível avaliarmos o desempenho da criança nos programas de ensino e traçarmos uma avaliação quantitativa, sendo possível mensurar o progresso.
Na equipe transdiciplinar o Terapeuta Ocupacional realiza orientações para os Psicólogos e Analistas do Comportamento, Fonoaudiólogos, Acompanhantes Terapêuticos e Educadores Físicos relacionados as dificuldades dos componentes do desempenho ocupacional da criança, disfunção sensorial ou motora.
Podemos afirmar que a Terapia Ocupacional e a Ciência ABA contribuem para uma evolução rápida e eficaz na aquisição de Habilidades e conquista de autonomia crianças com TEA, melhorando significativamente a sua qualidade de vida e de sua família.
Referências
American Psychiatric Association. 2014. Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-V. 5. ed. Porto Alegre : Artmed; 2014. 848 p., 2014. 848p.
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Definição Terapia Ocupacional. coffito. [Online] https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3382.
GRUPO ABACADABRA. ABA. https://www.grupoabacadabra.com.br/. [Online] https://www.grupoabacadabra.com.br/aba.
Moreira, Márcio Borges e Medeiros, Carlos Augusto. 2007. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre : Artmed, 2007. 224p. : il. ; 25 cm..
Neistadt, Maureen E./ Crepeau, Elizabeth Blesedell. 2011. Willard E Spackman - Terapia Ocupacional. s.l. : NOVA GUANABARA, 2011. Ed 11 pg.1208.
Silveira, Analice Dutra. e Gomes, Camila Graciella Santos. 2019. Ensino de Habilidades de Auto Cuidado para pessoas com autismo. Belo Horizonte : CEI Desenvolvimento Humano, 2019. 216p.:il.,23 cm.
Stella, Ana Carolina e Ribeiro, Daniela Mendonça. 2018. Analise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autista. Curitiba : Appris, 2018.
Comments